A Estrada Parque Transpantaneira, localizada no Pantanal Norte, foi construída no início dos anos 70, com 147 km de extensão e 126 pontes, ligando o município de Poconé à Porto Jofre. É o santuário de beleza incomparável e habitat de pássaros, mamíferos, peixes, anfíbios e répteis.
Na época das cheias do Rio Paraguai (dezembro a março), surgem enormes lagos, bacias e canais de escoamento conhecidos como corixos. Na seca (junho a novembro), a água escoa, deixando milhares de peixes, caranguejos e caramujos isolados em lagos menores que, por sua vez, atraem mais de 350 espécies de pássaros, entre eles, o tuiuiú - ave símbolo do Pantanal, além de jacarés, capivaras e cervos.
Há mais de 15 anos eu não visitava a Estrada Parque Transpantaneira. Fato esse que me incomodava, por ser mato-grossense de coração e apreciador das belezas naturais. Após uma visita ao nosso estúdio do professor Dr. Dalci Oliveira, do Instituto de Biologia da UFMT, o tão esperado retorno à Transpantaneira foi agendado. Seria sábado, dia 7 de agosto de 2010.
Nossa caravana partiu em dois carros, e tínhamos o professor Dalci como "guia de luxo", que há mais de 20 anos estuda o Pantanal Mato-grossense. A falta de informações sobre aves do Pantanal o motivou a pesquisa de tais animais, com ênfase no Tuiuiú ou Jaburu (Jabiru micterya), tema de seu mestrado.
Durante sua pesquisa, verificou que mais de 20 aves morriam por ano, motivadas ou pela simples colisão com os fios de alta tensão da rede elétrica ou eletrocutadas mesmo, resultando em um menor sucesso reprodutivo das aves na Estrada Parque Transpantaneira. Tal fato o levou a desenvolver em parceria com a Rede Cemat, um projeto para adequação da rede em uma extensão de 10 km, reduzindo a zero as mortes das grandes aves. Esse novo padrão de fazer redes foi denominado "Rede Tuiuiú" e é hoje aplicado em todas as áreas inundáveis de Mato Grosso. Foram também identificados e georreferenciados, ao todo, 330 ninhos ativos de tuiuiús.
Esse reencontro com a Transpantaneira foi inspirador e serviu muito como reconhecimento dessa porção norte do bioma. Todas as fotos desse post foram feitas a partir da estrada, entre as 9h e às 18h.
Da esquerda para a direita: Junior Silgueiro, Dalci Oliveria, Talles Andrioli, André Rondon, Marcio Trevisan. Txai Trevisan e Cris Faccicolo.
Ninho de tuiuiú (Jabiru micterya) com 4 filhotes. A média é de 2,8 filhote por ave.
Garça-azul (Egretta caerulea). Vê-se uma garça-azul para cada mil garças-brancas. Essa foi a única do dia.
Ponte na Estrada Parque Transpantaneira. São ao todo 126 delas.
Detalhe do isolamento (encapado) do fio de alta tensão para evitar choque elétrico em aves de grande porte, como o tuiuiú.
Garça-branca-pequena (Egretta thula) em pleno vôo.
Jacaré (Cayman yacare) multilado provavelmente durante briga com "amigos".
Ninho de tuiuiú sobre uma piúva ou ypê (Tabebuia impetiginosa).
Detalhe da inflorescência da piúva.
Garça-azul (Egretta caerulea). Vê-se uma garça-azul para cada mil garças-brancas. Essa foi a única do dia.
Ponte na Estrada Parque Transpantaneira. São ao todo 126 delas.
Detalhe do isolamento (encapado) do fio de alta tensão para evitar choque elétrico em aves de grande porte, como o tuiuiú.
Garça-branca-pequena (Egretta thula) em pleno vôo.
Jacaré (Cayman yacare) multilado provavelmente durante briga com "amigos".
Ninho de tuiuiú sobre uma piúva ou ypê (Tabebuia impetiginosa).
Detalhe da inflorescência da piúva.